Se o Bitcoin teve um primeiro trimestre difícil, as altcoins – termo usado para identificar qualquer cripto que não seja o BTC – sofreram ainda mais. As perdas das 20 maiores criptos do mercado variaram entre 35% e 50% nos três primeiros meses do ano, enquanto o BTC caiu 13% no mesmo período, segundo dados da plataforma de criptoativos Ripio.
Quando o BTC recua, é comum que os demais ativos digitais despenquem ainda mais. Há vários motivos para isso. Primeiro: por ser o ativo mais consolidado, o Bitcoin é visto como um porto seguro no setor – e, em momentos de aversão ao risco, investidores costumam migrar para ele. Segundo: altcoins têm menos liquidez e, como consequência, são mais voláteis. Terceiro: muitas delas – especialmente as de menor porte – são usadas para especulação, o que leva traders a realizarem lucros em cenários de queda.
Mas o que esperar das altcoins no segundo trimestre? Existe espaço para uma recuperação, como alguns apostam para o próprio Bitcoin?

Altcoins, os juros e a liquidez
Para André Franco, CEO da Boost Research, uma retomada dos preços das criptomoedas – incluindo tanto altcoins quanto Bitcoin – só virá com aumento de liquidez global, seja por impressão de moeda, seja por cortes de juros.
“Então se essas coisas não se alinharem, a gente pode ter o Bitcoin ainda laterizado com as altcoins sofrendo mais ainda. E eventualmente se a gente tiver um cenário mais catastrófico de aumento de taxas de juros, a gente pode ver o Bitcoin e outros criptoativos caírem ainda mais.”
Em março, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) decidiu manter a taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano, mas sinalizou dois cortes até o fim de 2025. Ainda assim, esse cenário pode mudar, especialmente diante da política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, que pode alimentar a inflação e afetar as decisões de política monetária.
“Essas tarifas ameaçam a economia dos EUA, o que pode gerar impactos nos mercados de criptoativos. O aumento dos custos de importação — especialmente de parceiros-chave como a China — pode acelerar a inflação, com alguns modelos projetando um aumento de 2-3% no IPC até o segundo trimestre de 2025 caso a guerra comercial se intensifique”, disse Guilherme Prado, country manager da Bitget.
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Otimismo no ar
Apesar da preocupação, ainda há otimismo no mercado. Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, é um dos esperançosos. Para ele, apesar dos tropeços iniciais, o avanço da criptoeconomia é inevitável e tende a beneficiar todo o setor no longo prazo.
“Minha visão continua otimista: embora o primeiro trimestre de 2025 tenha acelerado a correção após a alta de 2024, o potencial de crescimento de médio prazo continua intacto, impulsionado agora por governos pró-cripto e pelo aumento da adoção no varejo. Já temos os ETFs à vista de Bitcoin e também de Ethereum, já tivemos o quarto halving (evento que corta pela metade a nova emissão de BTC), já há consenso sobre o Bitcoin como reserva de valor e já há grandes empresas e governos usando e acumulando criptomoedas.”
Quais altcoins merecem atenção?
No início de abril, corretoras brasileiras destacaram algumas altcoins que merecem ser acompanhadas de perto. Entre elas estão Solana (SOL), XRP (XRP), Sui (SUI), Aave (AAVE), Ondo Finance (ONDO) e Cardano (ADA). Juntas, essas criptomoedas somam um valor de mercado de US$ 217 bilhões, segundo dados do CoinMarketCap.
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Em relatório recente, a Mynt – plataforma de criptoativos do BTG Pactual – elencou três grandes teses para o segmento de altcoins: os contratos inteligentes, que “seguem como a espinha dorsal do ecossistema cripto”; o setor de finanças descentralizadas (DeFi), que “tem captado cada vez mais interesse dos investidores”; e a interseção entre cripto e inteligência artificial, que segundo os analistas Lucas Josa, João Galhardo e Matheus Parizotto, apresenta “um potencial significativo de valorização”.
Além do Bitcoin, a casa elencou suas apostas em altcoins dentro dessas teses: SOL, AAVE e ONDO – citadas por outras corretoras – e Ethereum (ETH), Jito (JTO), Avalanche (AVAX), Uniswap (UNI), MakerDAO (MKR) e Render (RENDER).
Fonte da notícia: https://www.infomoney.com.br/tudo-sobre/criptomoedas/feed/.
Título original: Altcoins podem reagir no 2º trimestre, mas tudo depende de juros nos EUA (e de Trump)
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